segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Revólver de dois gumes

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Extremofilia.

Minhas pernas tremem muito. Tremem muito mais que minhas mãos. Parecem convulsões que nunca chegam, e eu fico esperando, esperando, esperando... Não passam também! Será que alguma coisa passa um dia? Depois que tudo passa? Ao inferno com os românticos! É lá que eles gostariam de estar!

Eu sou romântica também, não posso negar, mas odiar me tira um peso muito maior das costas. É mais fácil quando começo a achar que sentimentos não valem a pena simplesmente por ser mediocridade demais. E quem não é medíocre? Eu gosto de pensar que não sou, mas... é, eu sou sim.

Extremofilia.

Meu corpo todo treme, meu corpo todo treme e o suor frio me diz que eu poderia ter parado. Eu não quis parar. Eu quis mais, bem mais. Eu quis uma noite toda, vi o sol nascer e continuei. Eu precisava parar e não quis. Você sabe que precisa parar quando perde a conta das carreiras. Mas é mais fácil parar com a vida. Sempre foi. No final das contas, eu gosto de sentir o sangue escorrer pelo nariz como qualquer outra lobotomia caseira que um faz quando já não suporta o excesso de sangue nas veias. E minhas veias estão bem recheadas.

Aqueles não eram meus amigos. Aqueles eram outros. Eu também não era eu. Ninguém ali queria ser alguém. Alguém que se pudesse reconhecer. Nessas horas, só queremos ser ninguém. Esquecer o mundo para trás. O mundo é um banheiro pequeno com quatro, cinco pessoas dentro. E ninguém ali é alguém. Aqueles não eram meus amigos e eu não era eu. Às vezes tudo o que se precisa é o anonimato. Um anonimato reconhecível. Uma certa complacência que, em outras circunstâncias seria asco. Nojo. Nada de complacência, apenas nojo. Mas, naquela hora, tudo vira complacência. Complacência entre ninguéns.