quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um texto da gaveta

Tempestade cerebral



Jamais imaginei que conheceria teu corpo assim. Muito menos nestas circunstâncias, desta forma. Tive vontade de acender um cigarro, uma cereja no bolo de estranhezas daquele dia. Aquela noite, aquela madrugada, aquele amanhecer.

Disseram tanto que tudo aquilo era previsível, que pensei em aceitar a previsibilidade, apesar de ainda estar andando pelo incerto... até pelo inesperado.

E mais noites e amanheceres se passaram assim, estranhamente. Envolventemente. Até demais, se queres saber.

O cheiro se perde mais em mim que meus próprios pensamentos. Ambos são incontroláveis e mesmo o ar fresco da caminhada noturna não consegue dissipa-los. E novamente tenho vontade de acender um cigarro. Que disfarce teu perfume, sabendo que não sou a única a poder senti-lo enquanto experimento tua pele, teu toque.
Afinal, cultivo vícios bem piores que o cigarro. Um deles é desejar-te acima da vontade de não te ver mais.

Irrito-me por não conseguir escolher um caminho racional; irrito-me cada vez que opto por aquele caminho mais repleto de névoa, ao encontro de dúvidas cada vez mais patéticas. É tarde para o arrependimento. Mais uma vez tornei-me sentimental demais.

Já não me basta a cegueira habitual?
Detesto mais a mim mesma por estar vulnerável do que a ti por gostares de mim. Detesto mais a mim por esperar-te sem nem saber se sou capaz de suportar tua resposta negativa. Detesto mais a mim por nutrir sentimentos por ti do que a ti por seres tão sincera e doce ao mesmo tempo.

Detesto teu jeito, tua voz, tua beleza. Detesto nossas conversas e o fato de eu gostar tanto de tudo isso; tanto quanto detesto, por não ser capaz – nem querer mais – me livrar disto.



16 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tenho muito o que falar, pouco a fazer

É assim que venho me sentindo, digamos, nas últimas quatro semanas. Muito já amaldiçoei meu sentimentalismo, ando sentindo falta da razão. O mal de escrever é ter de me conter para não vomitar demais, como agora. E gostaria ao menos de poder dedicar, declarar-me quem sabe, se um dia me for permitido. Por enquanto, apenas repito frases.




Leave me dreaming on the bed, see you right back here tomorrow, for the next round.

Keep this scene inside your head, as the bruises turn to yellow, and the swelling goes down.



And if you're ever around, in the city or the suburbs, of this town,

Be sure to come around, I'll be wallowing in sorrow, wearing a frown, like pierrot the clown.



Saw you crashing 'round the bay, never seen you act so shallow, or look so brown.

Remembered all the things you'd say, how your promises went hollow, as you threw me to the ground.



And if you're ever around, in the backstreets or the alleys, of this town.

Be sure to come around, I'll be wallowing in pity, wearing a frown, like pierrot the clown.



When i dream, i dream if your lips,

when i dream, i dream of your kiss,

when i dream, i dream of your fists,

your fists,

your fists..



Leave me bleeding on the bed, see you right back here tomorrow, for the next round.

Keep this scene inside your head, as the bruises turn to yellow, and the swelling goes down..



And if you're ever around, in the city or the suburbs, of this town, be sure to come around, I'll be

wallowing in sorrow, wearing a frown, like pierrot the clown,

pierrot the clown,

pierrot the clown,

pierrot the clown,



pierrot the clown. 

domingo, 13 de junho de 2010

É assim

O tempo não passa rápido pra quem espera. Ele chega a dar voltas, a brincar com os olhos ansiosos. Mas não passa. E quem espera o faz porque desejou a estagnação mas não a obteve. Daí é obrigado a esperar.

sábado, 12 de junho de 2010

De poetas e poetas

(...) mas o amor não está mais na moda, os poetas o mataram. Escreveram tanto a respeito dele que ninguém mais acredita em suas palavras, o que não me surpreende. O amor verdadeiro sofre e se cala. (...) 
(Oscar Wilde; "O Foguete Notável", 1888) 

***

Pior que um palhaço triste é o poeta que ri. Ri porque aprendeu a jogar o jogo das sombras; deixou de ser consumido pelo sarcasmo para consumi-lo e a si mesmo. Um poeta risonho dança enquanto se destrói, já que não tem mais crenças a perder.
Ele dança por nem ter mais o real benefício do escapismo - escreve sobre a maldita realidade à qual está preso por excesso de sanidade.
Portanto, dança enquanto definha naturalmente. E é natural que o poeta definhe de forma mais rápida que os outros, pela intensidade com que trata seus sentimentos, suas descobertas, suas emoções. Prefere levar um tiro a ter de ouvir certas palavras. 
Conhece todas as dissimulações - ele mesmo as usa - por causa daquilo em que acreditou - ou em que acreditou crer. Viu, veio e sofreu. Agora sabe que não, não é mais fácil admitir seus desejos, porque não é assim que a ditadura da conveniência funciona. Pensa em como é desesperador não haver descanso após a morte. Tão desesperador quanto a ideia de um julgamento pós-vida ou da possibilidade de nunca poder escapar dela, mas revivê-la em ciclos. Essas coisas tornam o suicídio tão inútil quanto o estar aqui.
O poeta que ri, diante do mundo, provavelmente não deve estar alegre; mas ri porque absorveu a ironia do amor próprio em nome da própria desgraça.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Horóscopo do dia

Quando me disseram que eu era um caso raro de geminiana disciplinada foi que percebi o quão bem minhas obsessões estavam disfarçadas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Stream of Consciousness

Sim, é extremamente patético pensar no que você pensa agora. Tudo foi tão rápido e intenso que os pareceres se transformaram em eternidade. O que se espera, agora, dura uma eternidade. Ou mais. Sim, isso é patético. O simples ato de esperar. É humano, natural e patético. É simplesmente o que as pessoas fazem. Escondem-se ou revelam-se com um milhão de palavras enquanto decidem se vão, elas mesmas, comprar as flores. No caminho se perguntam quanto tempo as flores vão durar, se murcharão rápido ou se já estarão murchas... Bom, se não comprarem as flores, jamais saberão.
Com as flores em mãos, não sabem como exibi-las - nem sequer se desejam exibi-las; flores são compradas para oferecer ou para guardar para si. Neste caso, guarde para si e cultive a flor até quando puder. Espere, mas cultive. Por mais que seja patético. Seres humanos estão acostumados a ser patéticos.

domingo, 6 de junho de 2010

Digressão?

O problema do Romantismo é que, depois, vem o Realismo.

Dualidade

Ambivalência
Binarismo
Dupla escolha
Bifurcação
Dicotomia
Divisão
... palavras que não saem da minha cabeça...
Algum dia as coisas voltam a ser um todo ou estou diante de um caminho sem volta?

Destino

Neil Gaiman foi quem melhor descreveu o destino até hoje, na forma de, bem, Destino:
Percorra qualquer caminho no jardim de Destino e você terá que fazer não apenas uma, mas muitas escolhas. Os caminhos se bifurcam e se dividem. A cada passo neste jardim, uma escolha é feita. E cada uma determina rumos futuros. Após caminhar a vida toda, porém, às suas costas você enxergaria um único e longo caminho. À sua frente, veria somente escuridão. Às vezes, você sonha com os caminhos de Destino e especula sem propósito. Sonha com os caminhos que seguiu e com os que deixou de seguir... Os caminhos divergem, se ramificam e se reencontram; dizem que nem mesmo Destino sabe aonde levará cada trilha, cada atalho. Mas, mesmo se pudesse, Destino não revelaria. Destino guarda seus segredos. O jardim de Destino. Você o reconheceria. Afinal, irá percorrê-lo até morrer. Ou além. Porque os caminhos são longos e não terminam com a Morte.
 Destino dos Perpétuos é o único que compreende a geografia peculiar do jardim, alheio ao tempo e ao espaço, onde o potencial torna-se o real. Destino sabe. Carrega um livro que é um guia do jardim e das minúcias do futuro-passado. Destino não segue seu próprio caminho. Não toma decisões, não escolhe trilhas. Seu rumo está traçado do início dos tempos ao fim de tudo.
(Sandman - Estação das Brumas: um prelúdio)

Um texto para a amiga Camila Make Up ;) 
 

Simples: é complexo

"(...) Not everybody is queer in the same way." (E. D. Däumer)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Destes dias

Nestes dias que não mudam,
Mas que são diferentes entre si,
Pensamentos se afundam
E o presente já passado sorri.

Sorri de tristeza, talvez
Ou por tanto ser incerto.
Eu me aproveito da sordidez
De tudo que está por perto.

Tempo que parece inalterado,
Melancolia fascinante,
Frutos colhidos no passado,
Tudo num dia cambiante.