Sejamos sinceros: a idéia de se considerar um "ser das sombras", gótico de corpo e alma, soturno e todos aqueles adjetivos que aparecem incansavelmente em contos neo-góticos é, no mínimo, ridícula. Aliás, eu sempre achei ridículo o fato de alguém querer bancar a Allan Poe moderno usando umas roupinhas pretas e se considerando a essência da deprê/obscuridade num mundo onde 90% dos desgraçados precisam trabalhar para viver e precisam dormir para trabalhar. Portanto, a menos que o tal indivíduo seja podre de rico a ponto de não precisar ganhar seu dinheiro - porque ele já está na conta bancária ou embaixo do colchão - e que passe seus dias dentro de um bar com uma caneta na mão e que, ainda assim, não ache graça nenhuma nessa condição que posso considerar uma dádiva, essa pessoa não passa de um escritor underground de contos de terror: um contista pobre, como todos nós.
E eu ainda tenho uma dúvida tão ridícula quanto: se o cara é gótico e tem um computador de onde possa publicar seu trabalho, ele bem que poderia se dar ao tempo de se dedicar um pouco mais à estética - mesmo porque todo gótico é obcecado por estética e, todo cyber-gótico que se preze tem seus truquezinhos clichés para decorar uma página internética... qualquer coisa mais simples que isso só confirma meu conceito: um contista pobre. Pobre de espírito também. Mas escreve bem, isso tenho que admitir.
Então, eu me deparei com uns blogs até legaizinhos se você se der ao bom senso de pular a parte do "Quem sou eu" e descrições pessoais em geral. Atendo-se aos contos, vale uma lidazinha...
Câmara dos Tormentos
Recanto das Sombras
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