quarta-feira, 26 de maio de 2010

Indiretamente falando

Relações interpessoais conseguem ser assustadoras! Por mais que se conheça um indivíduo - ou se julgue conhecer -, é impossível confiar plenamente em um sorriso, em uma palavra positiva.
O termo de ordem é conveniência.
Nossas próprias intenções nos enganam, tão prontamente dispostas a mudar, seguindo uma espécie de tendência humana natural pelo conveniente. É algo que faz da consciência uma verdadeira armadilha, repleta de caminhos capciosos que guiam nossas escolhas sem que haja tempo para pensar nas tão faladas consequências. Temidas consequências! Rédeas dos pensamentos do mundo, mas sempre inesperadas... ao menos em suas proporções.

O esvaziar dos sentidos, diga-se de passagem, tornou-se praticamente um perseguidor, como se nada mais tivesse um significado original - ou nem sequer precisasse de um qualquer.
Às palavras é permitido que sejam completamente vazias; apenas sons propositalmente agradáveis, emitidos conforme as regras da situação.
"Ser" e "estar" já não são diferenciados, bem como sentimento e emoção.
O definitivo deixou de existir, e a única opção que resta é mudar; a estratégia básica da sobrevivência. Abrir mão, trocar um pelo outro, desistir se atrapalhar... Até mesmo o amor, aquele que ousamos chamar de eterno, anda quantificado, para que seus exageros não atrapalhem a fluidez da vida. Separou-se, ainda, o amor da paixão, pois ambos podem se tornar perigosamente dependentes. É possível, inclusive, experimentá-los separadamente, com alternâncias múltiplas - tanto de seres quanto de objetos.
Apegarmo-nos, então, é um erro crasso! E deixamos de depender do tempo, porque, neste estado evolutivo, é o tempo que depende de nós.

Por essas e outras, deixamos de acreditar em declarações e percebemos que qualquer prova é falha, por ser momentânea.
Hoje em dia, confiamos unicamente em nosso instinto dissimulador e, bem, às vezes, nem mesmo nele.

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