domingo, 25 de julho de 2010

Alterconsciente

O escritor não é uma pessoa comum. Ele é, antes de tudo, um condenado: ou se deixa consumir pelos demônios para escrever ou escreve na tentativa desesperada de que não o consumam. É assim que acaba por virar escravo das palavras. Há uma espécie de esperança nele, de que sua angústia se dissipe nas folhas algum dia, já que enxerga o mundo desta forma, como ninguém mais enxerga. Um pobre desgraçado, como se pode ver.
Por exemplo, quando se escreve sobre a vida assume-se, de alguma forma, que a obra escrita andará eternamente em círculos, contentando-se, portanto, em não se chegar a lugar algum, a não ser que se fuja para o universo da inverossimilhança e lá permaneça. E, de qualquer maneira, quem foge jamais deseja voltar. Eis o mistério da fé.

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